quinta-feira, 29 de março de 2012

Até quando veremos pessoas morrendo e autoridades cruzando os braços?

Quatro dias após o confronto entre marginais das organizadas Mancha Verde e Gaviões da Fiel, que resultou na morte dos torcedores palmeirenses André e Guilherme, o assunto repercurte como uma bomba.

E de fato é uma bomba. Mas uma bomba que não para de explodir.

Aliás, não é de hoje que essa guerra causa pânico e medo em toda a sociedade. Pelo contrário. Há tempos os confrontos acontecem e tiram vidas de pessoas, às vezes, inocentes.

É verdade que nesse caso, segundo constatações da Polícia de São Paulo, os jovens que morreram estavam envolvidos diretamente na organização do confronto.

Mas o fato a ser discutido é a falta de preocupação por parte das autoridades (me refiro a Prefeito, Governador, Ministros, Presidente etc).

Lendo alguns blogs e matérias na internet que abordam o assunto, o que me deixou bastante sensibilizado foi o texto do repórter Cosme Rímoli, colunista do R7 - o portal de notícias da TV Record.

Eu adoraria comentar o que ele escreveu, mas o texto me deixou tão estarrecido, e ao mesmo tempo emocionado, que tomei a liberdade de reproduzí-lo inteiramente aqui no Papo de Bola.

Aproveito, inclusive, para parabenizar Rímoli pelo texto. Espero que ele chegue nas mãos de pessoas importantes desse país de modo que uma providência séria e definitiva - e não apenas um paleativo - seja tomada.


Veja o texto do Cosme Rímoli, extraído de seu blog, abaixo:


MORRERAM ANDRÉ E GUILHERME. MAS NÃO HÁ PROBLEMA ALGUM.
A MANCHA VERDE AINDA TEM COVAS ESPERANDO POR MAIS MORTES.
E ELAS VIRÃO. COM A CUMPLICIDADE DE DILMA, ALCKIMIN E KASSAB...

Chorando, Gildair Alves Lezo avisou.

No enterro do seu querido filho André nada que lembrasse a Mancha Verde.

Negou todos os pedidos de faixa, bandeira do Palmeiras em cima do caixão.

Nem o filho usaria nenhum adereço da torcida ou do clube que amava.

A mãe, evangélica, o vestiu com um terno.

E apesar do ferimento a bala na cabeça fez questão do caixão aberto.

Para todos pudessem ver as consequências do tiro que tomou na cabeça.

Gildair não teve forças para fazer os filhos gêmeos Tiago e André abandonarem a Mancha Verde.

Além deles, havia Lucas, gêmeo de André.

Como mãe ela sabia das brigas, dos confrontos com a polícia.

Teve a ilusão que ficando perto dos filhos os protegeria.

E se tornou uma participante de várias atividades sociais da torcida.

Principalmente distribuição de comida a desvalidos sem teto em São Paulo.

Mas a angústia sempre foi companheira da mãe dos palmeirenses.

O pai, militar, entendia a paixão dos filhos.

Só que não se dava conta de quanto tudo estava fugindo de controle.

Nem no ano passado, quando Lucas levou um tiro na perna em Presidente Prudente.

Foi em uma briga também com a torcida corintiana.

Apesar do susto, o garoto conseguiu se recuperar.

E voltou para a Mancha.

Ganhou o cargo de vice presidente.

Como se fosse uma medalha por bravura.

Sua voz era ouvida em várias decisões.

Torcedores dizem que ele e os irmãos Tiago e André não só sabiam da briga do domingo.

Como foram os mais ativos no preparativo para o confronto na Inajar de Souza.

Embora oficialmente a torcida garanta que tenha sido surpreendida pela Gaviões da Fiel...

Não é isso que muitos palmeirenses alegam.

E o selvagem confronto entre os 400 torcedores aconteceu.

Além das tradicionais barras de ferro, cano, facas, alguns levaram revolveres.

Os gêmeos Lenzi eram conhecidos e visados pelos corintianos.

As primeiras investigações da Polícia garantem que André não morreu por acaso.

A sua morte seria um prêmio para os Gaviões.

Gildair rezava todos os dias, pedia pelos filhos.

Não sabia que eles estavam jurados.

Até que chegou o domingo.

E na Inajar de Souza, avenida movimentada da Zona Norte de São Paulo, veio o confronto.

Policiais que estavam acompanhando a torcida do Palmeiras ao Pacaembu se afastaram.

Não tinham como enfrentar a raiva, a loucura das duas organizadas.

E assistiram a troca de golpes de barras de ferro nas cabeças dos menos afortunados...

Os rojões apontados para os rostos dos rivais.

Tijolos quebrados na testa dos torcedores.

Facadas.

E o tiro na cabeça de André.

A situação tomou uma proporção absurda.

A ponto de a Mancha Verde ter comprado 16 jazigos no cemitério Jaraguá.

Estão lá, reservados aos membros da torcida.

A mensagem é clara.

Podem morrer que a organizada garante o seu enterro.

Como pagou pelo de André.

E Guilherme Vinícius Jovanelli Moreira também terá o seu repouso eterno garantido.

O garoto de 19 anos da Mancha Verde acabou de ter a morte decretada.

Ele não suportou os golpes de barra de ferro que tomou na cabeça.

A violência do golpes causaram profundo traumatismo craniano.

Racharam sua cabeça.

Para a Mancha Verde só restam agora 15 covas.

Tiago Alves Lezo foi preso hoje.

Com ele foi encontrado um revólver que portava na briga.

Bastou a polícia se interessar e descobriu sua influência nos conflitos da Mancha.

Dois membros da Gaviões da Fiel também estão presos.

São suspeitos de terem dado o tiro que matou André.

A Polícia invadiu as sedes da Gaviões e da Mancha.

Levaram computadores.

Estão atrás do que todos sabiam há anos.

Que as facções combinavam brigas pela Internet.

Os policiais vasculham as sedes em busca dos arsenais dos torcedores.

Das barras de ferro, rojões, socos ingleses, facas e revólveres.

Enquanto isso, ninguém mais se lembra da dor de dona Gildair.

Enterrou um filho.

E passa pela vergonha de ter o outro preso.

Por imbecis brigas entre torcedores.

Mais uma família destroçada.

Por nada.

Mas vale lembrar para qualquer outra mãe desesperada.

Outra que tenha um filho na Mancha Verde.

Pelo menos com o velório e com o enterro não há o que se preocupar.

A torcida garante.

Mesmo com a morte de André e Guilherme tudo está sob controle.

Não há porque ter medo.

Ainda restam 15 covas para no cemitério Jaraguá...

Esta é a São Paulo de Geraldo Alckmin...

De Gilberto Kassab...

O Brasil de Dilma Rousseff...

Todos cúmplices nessas mortes...

Seus braços cruzados diante de uma legislação frouxa ajudaram a matar André e Guilherme.

E os muitos que ainda virão.

Para desespero de várias donas Gildair espalhadas pelo País.

Pobres donas de casas...

Que ficam o coração na mão quando chegam as quartas-feiras e os domingos.

Quando seus filhos colocam a camisa da organizada e saem de casa.

Sem a menor certeza que de que vão voltar...

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