domingo, 31 de julho de 2011

A fé que vem das quatro linhas

Maradona ultrapassa os limites do esporte, torna-se famoso, vira ídolo e, de repente, é considerado um deus, com direito a igreja, bíblia e dez mandamentos dedicados a ele


Quando se fala de futebol, logo se imagina duas equipes diferentes lutando acirradamente pela vitória de seu time. A primeira imagem que nos vem à cabeça é a da bola balançando o lado de dentro da rede. É o “gol”, o momento mais esperado de um jogo de futebol. Porém, poucos sabem que há muito mais a ser discutido sobre o assunto. Muito mais do que, simplesmente, o esporte jogado em si. Há, inclusive, uma contextualização antropológica profunda e que explica como o cidadão comum mantém sua fé e suas crenças nos dias atuais.

O esporte mais praticado pelo mundo todo nasceu na sociedade industrial e, desde então, exerce diferentes funções na vida das pessoas em geral. Uma delas, por exemplo, é a de ser uma alternativa sagrada, já que, segundo o pesquisador e professor de História Medieval da Universidade de São Paulo (USP), Hilário Franco Júnior, em seu livro ‘Dança dos Deuses’, “muita gente parece substituir as antigas divindades por clubes de futebol, pois há um vazio espiritual do mundo ocidental de hoje, cuja lógica é criar falsas necessidades às quais se devem aderir para contar com respeito social”.

Dessa maneira, entende-se com facilidade o que o professor quis dizer ao relatar que gestos religiosos, sejam eles ortodoxos ou não, cercam todo o ambiente futebolístico. “Os jogadores são ‘ídolos’, a camisa e a bandeira do clube, ‘manto sagrado’, os gols aparentemente e lógicos, ‘espíritas’, as defesas incríveis são ‘milagrosas’ e seus autores ‘santos’ ”, ressalta Franco Jr.

Assim como na religião, o futebol possui seu templo sagrado (estádios) no qual seus fieis (torcedores) se reúnem espontaneamente com a mesma função religiosa: orar pela mesma divindade, ou seja, torcer para o mesmo clube, evocando seus deuses em forma de cânticos (gritos e hinos do clube) e acreditando que uma força maior trará a boa sorte e a graça, enfim, será alcançada (vitória). Nesse momento, não há nenhuma barreira capaz de diferenciá-los sociologicamente. “Alguns vão ao estádio de automóvel e ficam nas numeradas, outros vão de ônibus e ficam nas arquibancadas”, é o que diz o professor.

Levando em conta que realmente o futebol é religião, é natural que haja comparações e reverências de jogadores, que são os principais personagens, a deuses. A imprensa e os próprios jogadores costumam fazer o papel de glorificar os melhores da profissão. Mas são os torcedores quem realmente endeusam seus ídolos.

Missa na Igreja Maradoniana
Na Argentina, por exemplo, a glorificação a Maradona, considerado pelo povo argentino o verdadeiro “deus do futebol”, excedeu a qualquer limite já visto na história.

No dia 30 de outubro de 2002, noite em que Maradona comemorava seus 53 anos de idade, amigos do ex-jogador, que viviam na cidade de Rosário, na Argentina, tiveram a ideia de fundar uma igreja para a consagração religiosa de seu deus. Sim, um templo exclusivamente dedicado a Diego Armando Maradona.

Para a celebração da nova religião, que nasceu do amor eterno de torcedores argentinos fanáticos pelo seu maior ídolo, a Igreja Maradoniana realizou uma cerimônia de lançamento conduzida pelos dois grandes amigos do craque, os jornalistas Alejandro Verón e Hernán Amez. Além deles, mais de 400 pessoas compareceram ao evento “religioso”.

A igreja "A Mão de Deus", como também é chamada, em alusão ao gol feito por Maradona contra a seleção inglesa, na Copa de 86, quando a Argentina foi bicampeã mundial, foi inspirada na Igreja Católica, e até tem os seus peculiares dez mandamentos. Um deles, e esse talvez seja o mais dos fervorosos ensinamentos da religião, é batizar os filhos com o nome de Diego. Já o Natal é comemorado no dia de aniversário de Maradona. Por incrível que pareça, existe uma Bíblia, cujas palavras são nada mais do que a própria biografia do ex-jogador.
Gol de mão feito por Maradona na final da Copa de 86
Rodrigo, que prefere não ter seu nome completo revelado por questões particulares, é um brasileiro de 32 anos apaixonado por futebol e que foi morar na Argentina em março de 2005. A princípio, quando chegou no país, sentiu um calor semelhante ao do Brasil no que diz respeito ao futebol. Percebeu, inclusive, que as pessoas também se reuniam em bares para ver os grandes jogos, dos campeonatos locais e do nacional, e que rojões também são estourados a cada gol importante.

Surpreendeu-se com o amor que os torcedores do Boca Júniors têm pelo clube do coração que, para ele, fez lembrar da torcida apaixonada do Corinthians. “Sou são-paulino, mas quando pisei pela primeira vez no estádio La Bomboneira parecia estar dentro de um caldeirão lotado de corintianos. Em certos momentos deu medo, confesso, mas depois me acostumei e até entrei na farra. O coração parecia vir à boca”, disse Rodrigo sem perder a oportunidade de exaltar seu time de coração. “Quando fui ao estádio Monumental de Núñes, assistir River Plate e Independiente, a sensação foi outra. O estádio é mais sólido, parece mais organizado, melhor estruturado, além de estar situado num local mais elitizado. Lembrou-me os tempos em que eu frequentava o Morumbi para assistir aos jogos do meu tricolor querido”.

Mas não foi a paixão dos torcedores do Boca e nem muito menos o clima caseiro e amistoso que sentiu no Monumental que deixou o brasileiro encantado. Depois de ouvir falar bastante sobre a Igreja Maradoniana, que tanto criticou aos amigos argentinos, seguidores da nova religião, Rodrigo resolveu conhecer o tal santuário.

Ainda a caminho do local, em Rosário, Rodrigo fez piadinhas e chegou a dizer que criar uma igreja para reverenciar um ex-jogador de futebol já era absurdo, principalmente por se tratar de uma figura pra lá de polêmica. Afinal de contas, Maradona já havia tido muitos problemas com drogas. Numa delas até ficou internado, correndo risco de morte. Mas, segundo Rodrigo, absurdo mesmo era alguém, sabendo de todos os “pecados” cometidos pelo ex-jogador, pisar num santuário como esse. “Antes de chegar ao local, comentei com um de meus amigos, seguidor fervoroso da tal igreja, que eu só poderia estar louco”, ressaltou.

Assim que o brasileiro chegou à frente da igreja, percebeu que algo a mais tinha no olhar daqueles fieis que, à porta, esperavam o início do culto. “Dava para perceber que não era apenas uma brincadeira, um simples fã clube se divertindo. O negócio era sério”.

Tão sério que um dos fundadores da igreja, Hernán Amez, em entrevista ao portal UOL, afirmou que Maradona é um deus vivo, presente de carne e osso, e não apenas de espírito, na vida das pessoas. “Nós podemos vê-lo na TV dando entrevistas, podemos ver imagens dele dentro de campo ou até mesmo escutá-lo no rádio, enfim, ele é um ser presente”, exaltou Amez.

A primeira pergunta que Rodrigo fez ao entrar na igreja causou certo nervosismo por parte dos fieis. “Para alguém ser considerado deus algum milagre teria de ser registrado. E foi justamente isso que perguntei a um deles”. A resposta, segundo o brasileiro, veio de um seguidor em tom áspero e nada amigável. “Ele (Maradona) provou ser um deus do esporte ao trazer o título mundial de 1986. Já Batista e Burrochaga (companheiros de Maradona na conquista do mundial) são santos, porque estiveram presentes no momento do milagre”.

O brasileiro ouviu os argumentos do argentino e permaneceu calado, pensativo. E embora não concordasse, respeitou a fé e a crença não apenas daquele que lhe deu a resposta, mas de todos os presentes naquela sala. Minutos depois, o culto deu início com uma oração dedicada ao “deus” Maradona. Rodrigo, mais uma vez, apenas observou de longe. Olhou nos olhos de cada um, inclusive de seu amigo que o levou àquela situação. No final, as pessoas se abraçaram umas às outras, como se fossem todos de uma só família.

“Fiquei um tanto quanto deslocado, mas pude sentir de perto o que é religião, o que é acreditar em algo, enfim, o que é, de fato, a fé. Cada um acredita naquilo que lhe parece seguro”, explicou Rodrigo, porém deixando claro que a sua fé continua no Deus criador do universo. “Para mim, Deus é um só. E é aquele que nos colocou no mundo, o criador de tudo isso que conhecemos como vida. Já no futebol, os hermanos que me perdoem, mas igual a Pelé, nem mesmo se tivessem nascido dois Maradonas”, sorriu.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

São Paulo permite reação, mas vence o jogo

Para quem esperava uma partida truncada e sem muitas emoções, o duelo entre Coritiba e São Paulo, no estádio Couto Pereira, surpreendeu a todos com 7 gols.

O São Paulo, que havia empatado a última partida dentro de casa contra o Atlético-GO, precisava de uma vitória para não ver o arquirival Corinthians disparar na tabela, e saiu de campo com os três pontos.

A equipe do Morumbi chegou a abrir 4 a 0 no marcador, mas vacilou no segundo tempo e viu uma reação incrível dos donos da casa, que chegaram a balançar três vezes a rede são-paulina.

Tecnicamente foi uma partida muito boa. As duas equipes estiveram bem postadas, com forte sistema de marcação e um ataque bastante eficiente.

O São Paulo teve mais domínio do jogo, mas os minutos finais foram comandados pelo Coritiba que, se houvesse mais cinco minutos de bola rolando, poderia chegar tranquilamente ao gol de empate.

No São Paulo, destaque para Lucas, Rivaldo e Dagoberto, que mostraram entrosamento "quase" perfeito. 

Por falar em Lucas, o garoto aproveitou erro da defesa do Coxa, que saiu jogando errado, e marcou um gol de placa, por cobertura. Gol de craque.

Já no Coritiba, o nome do time foi o atacante Bill que converteu duas vezes.

Com a vitória, o São Paulo chegou aos 25 pontos e segue na 2ª colocação, atrás apenas do líder Corinthians, com 28 pontos e um jogo a menos.

O Coritiba, por sua vez, ocupa a 12ª colocação, com 14 pontos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Fifa anuncia data da Copa de 2014 e Europa se revolta

A Fifa já anunciou as datas da Copa do Mundo de 2014, que será no Brasil.

A abertura está prevista para o dia 12 de junho e o encerramento para o dia 13 de julho. Dessa forma, alguns dos principais clubes europeus ameaçam se revoltar contra a "entidade máxima" do futebol (Fifa), segundo o jornal The Guardian.

Leia aqui a matéria original na íntegra

Abaixo, segue o texto traduzido (retirado do blog do Juca Kfouri)

Karl-Heinz Rummenigge, presidente da Associação Européia de Clubes (ECA, em inglês),convocou uma “revolução” liderada pelos clubes contra as “pessoas corruptas” que governam o futebol e pediu para que seus membros tenham voz nos processos de decisões da Fifa.

O diretor executivo de 55 anos do Bayern de Munique disse que se desesperou com o que ele descreveu como o “processo diário de corrupção na Fifa” e questionou às autoridades do futebol “para que reconheçam que agora é a hora de democracia, transparência e equilíbrio na família do futebol”.

“Eu não aceito mais que nós sejamos guiados por pessoas que não são sérias e limpas”, disse. “Agora é o momento de intervir. Porque sabendo que algo está errado é uma obrigação mudar”.

A ECA substituiu o G-14 como órgão que representa os principais clubes europeus e figuram entre seus membros Manchester United, Chelsea, Arsenal e Liverpool. Rummenigge disse que havia uma onda de apoio público por sua posição na esteira dos escândalos recentes, o banimento de Mohamed bin Hammam e “as questões sobre a Copa do Mundo do Qatar”.

“Não são apenas os maiores clubes, são todos os clubes”, disse ele adicionando que a sensação de descontentamento é grande na Alemanha, Suíça e Inglaterra, onde ele se encontrou recentemente com o ministro dos esportes, Hugh Robertson, e representantes dos clubes.

A Fifa é incapaz de mudar a si mesma, ele disse. “Sepp Blatter está dizendo (que ele está limpando a casa), mas o fato é de que ninguém acredita que ele diga tudo o que precisamos saber. Eu não estou otimista porque eles acreditam que o sistema está funcionando prefeitamente da forma que está. É uma máquina de fazer dinheiro, Copa após Copa. E para eles isso é mais importante do que uma governança séria e limpa”.

A chance de que as associações nacionais pressionem por mudanças, na sua opinião, é pequena. “Eu não acredito (que eles venham a se envolver). O sistema atual é feito sob medida para as associações e é votado pelas associações. Eles não irão contra (a Fifa)”. Ter um representante dos clubes no Comitê Executivo da Fifa não é o suficiente, diz ele. “Eu iria mais longe. Todas as partes envolvidas – clubes, associações, jogadores, árbitros, e o futebol feminino – tem o direito de se envolver nas tomadas de decisões”.

Rummenigge também pronunciou-se insatisfeito com a quantidade de jogos internacionais entupindo o calendário. “Quando eu conquistei o Campeonato Europeu (em 1980), havia oito equipes nas finais. Esse número triplicará até 2016. Na Copa do Mundo, que costumava ter 16 times, agora são 32. Os clubes pagam os jogadores mas eles não fazem parte do processo de decisão. Não somos tratados com respeito”.

Rummenigge insinua a possibilidade de um rompimento com as associações internacionais se as queixas da ECA sobre o congestionamento do calendário não venhaa a ser discutidos. “Vou dar-lhes uma chance, mas estou pronto para uma revolução se essa for a única forma de chegar à uma solução”, disse.

Duelo entre Santos e Flamengo é o destaque da rodada

Quarta-feira recheada de jogos válidos pelo Campeonato Brasileiro de 2011.

No Engenhão, o Botafogo, que ocupa a oitava colocação com 16 pontos, encara o vice-lanterna Avaí para tentar encostar no G-4.

O Grêmio recebe o América-MG no estádio Olímpico. A situação das duas equipes é preocupante. O Tricolor gaúcho segue na 13ª colocação, mas está a apenas três pontos da zona de rebaixamento. Já o América, com apenas 7 pontos, ocupa a 18ª colocação. 

Jogo bom no Ipatingão, em Minas Gerais. O Atlético-MG, 15º colocado com 11 pontos, recebe o Fluminense, atual 10º colocado. As duas equipes devem entrar em campo com força máxima.

O Cruzeiro, que vem de boa vitória sobre o líder Corinthians, na última rodada, vai a Goiânia enfrentar o Atlético-GO, no Serra Dourada.

No Orlando Scarpelli, o Figueirense recebe o Palmeiras, 5º colocado com 19 pontos. Jogo considerado pelo técnico Felipão como "fundamental" para não se distanciar dos quatro primeiros da tabela.

Já o São Paulo, vice-líder da competição com 22 pontos conquistados, vai ao Couto Pereira enfrentar o Coritiba, que ocupa a 12ª colocação. (Essa partida terá transmissão ao vivo em TV Aberta para São Paulo)

Mas o destaque da rodada fica por conta de Santos e Flamengo, que se enfrentam na Vila Belmiro. O Peixe segue na 14ª posição, com apenas 11 pontos, enquanto o Mengo segue na 3ª colocação, na briga pela liderança. Porém, o que chama atenção no duelo é o encontro de várias estrelas.

Pelo lado da equipe da Gávea, Ronaldinho Gaúcho e Thiago Neves são os nomes mais fortes. Já no Santos, Neymar e Ganso são os astros do elenco. Além disso, Ibson deve fazer sua primeira partida com a camisa santista. Detalhe: o volante fará sua estreia justamente contra a equipe que o revelou.

   


terça-feira, 26 de julho de 2011

Telê "Eterno"

Em 2009 fiz um texto, aqui no Papo de Bola, que faço questão de reproduzí-lo. Principalmente porque trata-se de uma homenagem a uma das figuras mais importantes da história do futebol mundial. Vale a pena ler...


Telê "Eterno" 

Em 26 de julho de 1931 nascia, na pequena cidade de Itabirito, Minas Gerais, uma das figuras mais importantes da história do futebol.

Perferição, dedicação e, principalmente, insistência foram características marcantes na carreira de Telê Santana, que o levaram, inclusive, ao rótulo de "Fio de Esperança". Além disso, Telê sempre foi adepto ao futebol bem jogado, bonito de assistir, sem violência, leal. E, decorrente disso, pôde se orgulhar ao receber o Troféu Belfort Duarte, uma premiação aos atletas exemplares em disciplina.

Telê começou como jogador profissional no Itabirense Futebol Clube. Mas se destacou mesmo no Fluminense, no qual marcou 165 gols em 556 jogos. Nada mal para quem jogava na "ponta" - posição extinta no futebol atual.

Depois de uma gloriosa carreira como jogador, Telê se tornou treinador, em 1967, quando assumiu a jovem equipe juvenil do Fluminense. Pela sua competência, bastaram apenas dois anos para o treinador comandar a equipe principal do clube das Laranjeiras. Começava aí uma nova etapa vitoriosa.

Em 1971, voltou a suas origens. Treinando o Atlético-MG, Telê conquistou o primeiro título brasileiro de sua carreira como treinador, aliás também o primeiro título brasileiro do Galo.

Seu ótimo trabalho como técnico o levou ao comando da seleção brasileira de 1982, considerada por muitos a terceira melhor seleção brasileira de todos os tempos - atrás apenas das seleções de 58 e 70. Alguns não concordam e até dizem, com bastante convicção, que a seleção de 82 foi a melhor.

Infelizmente eu não era nascido para vivenciar essa seleção mágica que fazia espetáculo dentro de campo, além de jogar limpo, com lealdade, pois, assim como na época de atleta, Telê não aceitava jogador maldoso e sua postura como técnico era de punição - podendo até ser expulso da equipe - para aquele que agisse indisciplinadamente.

A equipe brasileira de 82 não conseguiu conquistar a Copa da Espanha. O Brasil encontrou uma Itália muito forte, que contava com o craque Paolo Rossi inspirado. Os italianos venceram por 3 a 2.

A pior fase de sua vida foi depois da desclassificação na quartas-de-final para a França de Platini, em 1986, na Copa do México. O técnico passou a ser chamado de "pé-frio", já que por duas vezes, tendo em suas mãos a melhor equipe do mundo, não conseguiu o título para o País.

De fato, perder duas Copas do Mundo estremece a credibilidade. Mas nem sempre o melhor vence. Nem só o trabalho, competência, qualidade, habilidade e concentração constroem uma vitória. Todo jogo é preciso contar com o "fator sorte". Isso é fato.

Em 1990, o técnico assumiu o São Paulo Futebol Clube conquistando 7 grandes títulos, dentre eles, duas Libertadores e dois Mundiais de Clubes (92-93), legitimando sua carreira como treinador de futebol e provando a todos que era o melhor.

Lembro-me de uma frase de Telê a um repórter, durante uma partida do São Paulo, que marcou bastante a minha infância, tratando-se de futebol:

"Se ganhar títulos, como ganhei, é ser pé-frio, então quero ser pé-frio para sempre".

Em 1996, durante um exame de rotina, Telê sofreu uma isquemia cerebral que o afastou dos gramados e, quase dez anos depois, em 21 de abril de 2006, infelizmente, faleceu em Minas Gerais, após ficar quase um mês internado no hospital por complicações no seu estado de saúde.

Perdíamos, definitivamente, o melhor técnico de todos os tempos.

Mesmo assim, a torcida do São Paulo, até hoje, em quase todos os jogos do clube, ovaciona o nome do Mestre:

"Olê, Olê, Olê, Olê... Telê, Telê..."


Telê Santana completaria hoje 80 anos e por isso fica aqui uma homenagem ao técnico/treinador mais importante do futebol brasileiro.


Assista aqui a um vídeo feito por um torcedor do São Paulo em homenagem ao Mestre




domingo, 24 de julho de 2011

Sem vontade, desanimado e com alguma falta de sorte...

...Assim foi o São Paulo na partida de ontem contra o Atlético-GO, no estádio do Morumbi.

A torcida até que fez sua parte. Foram mais de 23 mil presentes para assistir à estreia de adilson Batista, Denilson e Cícero. O que não esperavam era um empate (2 a 2) diante de um clube que ocupa a zona de rebaixamento.

É obvio que dos males o empate não é o pior, porém, jogando dentro de casa contra uma equipe tão fraca, ficou no ar um sabor de derrota.

O Tricolor até que começou bem o jogo. Foi para cima do adversário e abriu o placar com o zagueiro Rhodolfo, de cabeça após cruzamento de Daboberto na medida.

Mas, por incrível que pareça, o São Paulo parou de jogor no minuto seguinte. Embora dominasse a posse de bola, a equipe são-paulina mostrou-se sem vontade, tocando a bola de um lado para o outro sem a menor objetividade. 

Até Rivaldo, que costuma ser protagonista de passes refinados, errou muito durante o primeiro tempo.

Enfim, o São Paulo caiu muito de produção, dando a chance do Atlético chegar ao gol de empate. Isso aconteceu aos 44 da etapa inicial, após uma falha da zaga são-paulina.

Esperava-se um São Paulo mais vivo no segundo tempo.

De fato os donos da casa melhoraram.

Dagoberto e Lucas voltaram do vestiário mais rápidos e eficientes.

Carlinhos Paraíba fez uma boa marcação ao lado do estreante Denilson, que se movimentou bastante e deu pinta de que pode ser muito útil nessa equipe.

Na direita, Jean esteve apagado. Mau apareceu no jogo. Não comprometeu, mas também pouco ajudou.

Rivaldo, no ritmo da equipe, não esteve nos seus melhores dias. Porém foi ele quem colocou o Tricolor novamente à frente no marcador. Depois de um perfeito cruzamento de Dagoberto, o camisa 10 subiu de cabeça dentro da grande área e deslocou a bola para o canto esquerdo do goleiro atleticano.

Já a zaga foi o ponto crucial do clube do Morumbi. Xandão não subiu e Juan apenas assistiu Anselmo subir de cabeça e empatar novamente a partida.

Por falar em Juan, mais um jogo em que ele sai de campo vaiado. De fato, até o momento ele não mostrou para que veio ao Tricolor. Não fez uma partida boa sequer. Erra muitos passes, não sabe cruzar, não consegue driblar, segura a bola quando é necessário o toque rápido, enfim. É um lateral muito fraco para vestir uma camisa de tanta tradição.

No geral, o São Paulo fez uma partida ruim. Muito diferente do jogo contra o Internacional, no qual o time jogou como se fosse uma final de campeonato.

E empatar ou perder em casa para times pequenos tem sido uma característica do clube desde a saída de Muricy.

Esses pontos desperdiçados farão a diferença lá na frente, quando o campeonato começa a ser definido.

Se cuida, São Paulo...

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Timão arrasador

Enquanto uns buscam desesperadamente e outros fingem ter, o Corinthians vive o verdadeiro momento de "paz" no futebol.

Dono de uma campanha quase impecável, o time do Parque São Jorge segue mais líder do nunca no Brasileirão 2011.

Com 28 pontos conquistados, sete a mais que o vice-líder São Paulo, o Timão vem esbanjando confiança e ainda não sabe o que é perder nessa competição.

Um cala-boca a todos, inclusive a mim, que não acreditavam nessa equipe comandada pelo técnico Tite.

Embora seja muito cedo prever quem será o campeão, já dá para apontar o Timão como um dos favoritos ao caneco.

O Corinthians está jogando direitinho, com um elenco bastante objetivo e bem montado taticamente.

Diferentemente das outras equipes que em algum setor do time é obrigado a improvisar um jogador para fechar um buraco, no Timão os zagueiros realmente são zagueiros, os laterais de fato são laterais, os meias são verdadeiros meias e os atacantes são atacantes de ofício.

Além disso, a união desse time é visível, e isso faz uma tremenda diferença no futebol.

O Corinthians está com um pé bem à frente das outras equipes. Tem tudo para ofuscar a mancha de 2005.

domingo, 17 de julho de 2011

Brasil perde nos pênaltis e volta pra casa frustrado

O Brasil caiu diante do Paraguai na Copa América em disputas de pênaltis. Por incrível que pareça, a seleção canarinho perdeu, vergonhosamente, as quatro cobranças que teve a seu favor (Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred não converteram).  O resultado dá ao Paraguai a vaga de um dos semifinalistas da competição. Já ao Brasil, resta fazer as malas e voltar para casa.

O jogo, em seu tempo normal, esteve muito longe de ser bonito, principalmente para aqueles que assistiram à partida de ontem entre Argentina e Urugai que, na minha opinião, foi a disputa mais emocionante, até o momento, dessa competição. O Uruguai também avançou às semifinais depois de vencer os donos da casa em disputa de pênaltis.

Neymar, Robinho, Pato e Ganso não chegaram nem aos pés do show de bola que Forlán e Messi apresentaram ontem. Aliás, o nosso futebol está devendo muito. Há tempos deixamos de ser o país do futebol arte. O que não quer dizer que tudo esteja perdido. Pelo contrário. Neymar, Ganso, além de Lucas (que atuou no banco, entrando sempre no segundo tempo dos jogos) ainda nos trarão muitas alegrias. Tenho certeza disso porque eles são verdadeiros craques.

O que falta para a equipe de Mano Menezes é justamente os craques se soltarem. Sinto que Neymar, em especial, ainda não se adaptou à amarelinha. Mas isso é questão de tempo. Não resolve sacá-lo da seleção, como tenho visto muitos "corneteiros" dizerem por aí. A sequência de jogos é importantíssima para o amadurecimento do elenco. Sou a favor de mantê-lo para os próximos jogos que o Brasil fará até a Copa de 2014.

E também não é hora de dizer que o treinador é o culpado pela ausência do espetáculo dentro de campo. Mesmo porque ele (Mano) convocou os melhores em cada posição. Aliás, convocou todos que a própria torcida tanto pedia.

Eu, particularmente, teria feito o mesmo que ele. No máximo deixaria o Fred como titular ao lado de Neymar e teria levado Hernanes no lugar de Ramirez. Não que Ramirez tenha feito um campeonato ruim, apenas porque acho Hernanes muito inteligente e mais importante no setor do meio de campo. No mais, a escalação é perfeita. O que falta é o entrosamento.

Se tem algo que Mano talvez tenha pecado foi na falta de treinamentos específicos e de fundamentos. Isso ficou evidente quando havia uma falta a ser cobrada, a favor do Brasil, na entrada da grande área e que não tem um batedor oficial. Também percebemos isso nas finalizações dos nossos atacantes. A pontaria parecia não estar calibrada. O que não acontecia nos times comandados por Telê Santana (que Deus o tenha).

Mas, na partida de hoje, o Brasil esteve perdido no segundo. Os laterais André Santos e Maicon, embora tenham errado muitos cruzamentos (quase todos), exploraram bem seus setores, mas faltou um centroavante, um cara mais de presença de área, para ser referência e mudar a cara da equipe.

Ficou uma sensação de frustração, isso é obvio.

sábado, 9 de julho de 2011

Brasil só empata em tarde atípica

Assim como a anfitriã Argentina, o Brasil também empatou seu segundo jogo.

Dessa vez, o estraga-prazer da tarde foi o Paraguai, que mostrou ter um time bastante arrumado e que pode dar trabalho mais para frente.

Será essa a Copa América das zebras?

Não fosse o Fred, que entrou no segundo tempo para empatar a partida aos 44, o Brasil sairia de campo com uma amarga derrota.

Não acho que seja uma seleção fraca, pelo contrário. Estamos com os melhores em cada posição. Mas sinto que falta algo. Alguma coisa que dê a tal liga entre os titulares.

Na partida de hoje, por exemplo, a equipe de Mano Menezes tomou dois gols por falhas da zaga. Ou seja, do setor mais forte do time.

Sim, foi um dia atípico. Assim quero acreditar.

O simpático Uruguai...

Parece que o brasileiro já se esqueceu do "Maracanazo", a grande final da Copa do Mundo de 1950, no qual a seleção canarinha foi derrotada pela seleção do Uruguai dentro do lotado estádio do Maracanã.

Não são poucos os brasileiros que tenho escutado dizer que estão torcendo para a seleção do Uruguai nessa Copa América, realizada na Argentina.

Esse carinho que "nós" estamos criando para com eles aumentou principalmente na última Copa do Mundo, na África, quando o Uruguai mostrou um futebol humilde, bonito e encantador, chegando à semifinal da competição com uma atuação de gala do atacante Forlán.

Essa admiração pode ser também devido aos tantos jogadores uruguaios que marcaram épocas nos grandes clubes brasileiros. Na seleção atual, por exemplo, Diego Lugano é um ídolo incontestável do São Paulo. Além de Coates, que está 70% negociado com o Tricolor, e o Forlán, grande sonho são-paulino, já que seu pai foi um dos ídolos do clube na década de 1970.

Ontem, no estádio Mundialista, em Mendoza, o Uruguai enfrentou a equipe do Chile, mas não fez uma boa partida. Dominado quase que os 90 minutos de jogo, a única boa descida uruguaia ao ataque resultou no gol de Alvaro Pereira. Mas logo em seguida, o Chile deixou tudo igual com um gol de Sánchez.

Interessante mesmo foi ver as passoas gritando nas janelas no momento em que saiu o gol uruguaio. Será que haverá gritos caso haja gol do Brasil nesta tarde (às 16hs)? Será que o Brasil perdeu mesmo o encanto?
Veremos...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A queda de Carpegiani

Depois de uma sequência de três derrotas consecutivas (Corinthians, Botafogo e Flamengo), Paulo César Carpegiani não é mais o treinador do São Paulo.

Ontem, após a derrota para o Flamengo, em entrevista coletiva, Carpegiani chegou a dizer que "não é técnico de abandonar o barco", porém o clube decidiu que sua fase na equipe chegou ao fim.

Aliás, essa já havia sido a posição da diretoria há quase um mês, quando a equipe do Morumbi foi desclassificada da Copa do Brasil. Mas como havia uma multa rescisória de quase 1 milhão a ser pago, o São Paulo resolveu segurá-lo no cargo. Porém ele não se sustentou e, no final da tarde desta quinta-feira, o clube anunciou a queda do técnico.

Embora tenha cometido diversos erros enquanto treinador do Tricolor, além de pouco aproveitar o pentacampeão Rivaldo nos momentos em que mais se precisou dele - gerando, inclusive, um clima bastante ruim entre os dois -, Carpegiani não é o principal culpado pela má fase do São Paulo nesta temporada.

Além de baixa de alguns atletas importantes como o zagueiro Rhodolfo, que retornou à equeipe apenas na última partida, do volante Casemiro e do meia Lucas, ambos servindo à seleção Brasileira, o elenco é pra lá de limitado.

As laterais são fraquíssimas. Talvez seja um dos setores mais debilitados do time. O jovem Jean atua na lateral-direita improvisadamente. É esforçado e às vezes faz boas partidas, mas não consegue manter a regularidade. Já na esquerda, Juan é o pior lateral que vi vestir a camisa do São Paulo. Pelo menos até que me prove ao contrário.

O meio de campo é a única salvação. Wellington - jovem que também veio das categorias de base - tem se mostrado uma grata surpresa. Carlinhos Paraíba e Rodrigo Souto estão em alta com a torcida pelos ótimos desempenhos na marcação. Casemiro é inteligente, rápido, bom marcador e costuma surpreender no ataque. Já Lucas é um craque. É o considerado motor do time.

O ataque, no entanto, é de dar desespero. Dagoberto está se achando um Careca, um Muller, um Serginho Chulapa, um Leônidas da Silva, quando na realidade não passa de um atacante que teria de disputar vaga para ser titular em qualquer clube de meio porte. Fernandinho é veloz, mas sem objetividade. Não resolve absolutamente nada. E Marlos, além de não ser atacante nem aqui e nem em lugar algum desse mundo, é um jogador "burro", daqueles que jogam de cabeça abaixada e, por isso, só conseguem enxergar o próprio pé.   

Portanto, qualquer técnico que assumir o clube nesse momento terá uma difícil missão pela frente. E, assim, é de se entender que a culpa não foi apenas de Carpegiani, mas também da diretoria que tem priorizado assuntos extra-campo ao invés de tentar montar uma equipe competitiva. 

NOTÍCIA BOA

Tudo indica que o meia do Boca Juniors, da Argentina, o jovem Cañete, deve se apresentar nesta sexta-feira. O jogador já havia manifestado interesse em vestir a camisa Tricolor e os dirigentes são-paulinos foram em busca de sua contratação.

Além disso, Luis Fabiano deve voltar a trabalhar com bola em até 3 semanas. Esse será um tremendo reforço, já que o ataque atual é composto por jogadores medianos, coadjuvantes. Precisa de um nome de peso, uma referência, alguém com raça e espírito vencedor.