terça-feira, 15 de março de 2011

Cadê a ética, "meu filho"?

Diferentemente de qualquer outro treinador que pede demissão num clube de futebol, a saída de Muricy, que aconteceu há menos de 48 horas, gerou dúvidas, mistérios e indignações.

Ainda não consegui engolir os argumentos que o ex-técnico do Flu usou para justificar sua saída. Para quem não sabe, Muricy disse que estava deixando o clube carioca principalmente pela falta de estrutura da agremiação.

Realmente não é exagero do técnico, que isso fique claro. O Fluminense deixa a desejar nesse sentido. Sem um Centro de Treinamento e uma área para recuperação física, os atletas do Tricolor carioca se lesionam bastante, prejudicando a equipe.

O problema é que Muricy estava completamente desacostumado a trabalhar nessas condições que, por sinal, não são novidades dentro do futebol brasileiro. Seus últimos clubes haviam sido o Internacional, que está crescendo a cada ano, o São Paulo, que possui uma estrutura que pode ser comparada à de um clube europeu, e o Palmeiras, que possui um CT bom e promissor.

Pensando por essa linha de raciocínio, é fácil de entender Muricy. No entanto, o que intriga a todos é o fato dele ter tomado a decisão assim, tão de repente, sem sequer se dirigir à torcida, e deixando no ar que alguma proposta mais interessante possa ter acontecido. Justamente quanto o Santos, que tem uma equipe redonda, com dois dos melhores jogadores do Brasil atuando no elenco, disputando Libertadores com reais chances de título, e que em termos de "estrutura" tem se fortalecido ano a ano.

É no mínimo muito estranho tudo isso.

Além do mais, Muricy sempre prezou pela ética profissional. Pelo menos isso sempre esteve em suas condutas, dentro e fora de campo, e nos seus discursos. Foi dessa forma que chegou a recusar o cargo de treinador da Seleção Brasileira, alegando que "não poderia deixar o Fluminense na mão".

O que também irritou o presidente do Fluminense, Peter Siemsen, foi o fato do técnico acertar sua rescisão diretamente com o presidente do patrocinador, que pagava quase 100% do salário de Muricy.

Mas e agora, não estaria Muricy deixando o Fluminense na mão? E mais: se sua saída do clube carioca realmente tenha algo relacionado com propostas de outras agremiações, Muricy estaria perdendo a ética que tanto prega?

2 comentários:

kmilla disse...

Aqui no rio o maior comentário é que foi politicagem ele não concordou com a demissão do vice presidente e saiu, ele tinha dito anteriormente que sairia se ele fosse demitido!

Fernando Richter disse...

Oi Kamila.
Não duvido que tenha tido "políticagem" no meio disso tudo.

Apenas não acho certo a atitude de Muricy, que saiu disparando na mídia. Além disso, se ele é a ética em pessoa, por que não jogou a real com todos?

Enfim...

Obrigado pelo seu comentário que é sempre muito respeitado.